quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Expedição do Atlântico ao Pacífico: Brasil

Expedição do Atlântico ao Pacífico

Parte 1

Para mim a data da Expedição iniciava-se dia 25 de dezembro de 2007 em Foz do Iguaçu, na casa da minha família, esse foi o local determinado para encontrar o pessoal que estava vindo do litoral paranaense, eram eles, João Paulo, Aramis, Bruno, James e Rodyer. Saíram dia 21 de dezembro de Praia de Leste. Por isso o nome da expedição, do Atlântico ao Pacífico. Como eu tinha realizado a Travessia do Paraná meses antes, para mim essa etapa de pedalar até o Oceano Atlântico já estava concluída, então minha partida ficou estabelecida em Foz, em pleno Natal.

Mas antes eu deveria me deslocar de Marechal Rondon até Foz do Iguaçu, foi um primeiro teste antes da viagem após realizar a revisão geral na bicicletaria do Lírio em Rondon. Durante esse percurso, já muito conhecido pelos diversos treinamentos durante o ano, não houve surpresas, contudo, um contratempo foi o sol forte durante toda a viagem, fiquei com a pele extremamente queimada e demorei mais do que de costume para chegar em Foz. Quando cheguei na entrada da cidade, ainda lembro de uma pausa próxima a rodoviária, encostei a bicicleta no meio fio e deitei na grama da calçada. Eu não agüentava pedalar mais cem metros naquele momento. O desgaste físico foi extremo. Mas não fiquei preocupado por estar diante daquela situação dias antes de partir para uma aventura que seria ainda mais exigente. O calor da região oeste, principalmente em Foz é realmente muito forte e a prática de exercícios físicos sem uma alimentação adequada e a hidratação correta, o resultado não pode ser outro. A hidratação estava em ordem, mas não havia me alimentado bem. Em todo caso, após descansar alguns minutos, segui para casa onde a ansiedade foi minha companheira até a hora da partida.

A bicicleta estava em ordem. Continuara quase a mesma de quando fez a Travessia do Paraná, troquei o selim, canote e coloquei dois pneus Pirelli BM-90 novos. Claro, antes de sair mandei para a revisão, afinal seriam mais de dois mil quilômetros pela frente. Entre Marechal e Foz a bicicleta se comportou muito bem, estava firme e forte. As marchas e freios regulados, nenhum pneu furado. E como estava com o alforje já carregado com a bagagem para a Expedição, aproveitei a ocasião para sentir se o peso interferia muito no ritmo do pedal. Claro que a bagagem um pouco mais pesada contribui para uma velocidade menor, sobretudo, nas subidas, mas pra falar verdade, o tempo quente interferiu mais do que o peso no alforje.

Em Foz do Iguaçu, foram feitos os últimos ajustes no alforje. Não me recordo a quantidade de roupas que levei, mas certamente na bagagem foram algumas camisetas, bermudas, uma calça de moletom, uma blusa de frio para temperaturas baixas, camisas de ciclismo, camiseta de manga comprida, touca para proteger principalmente os ouvidos no vento frio dos Andes. No alforje da marca POC além das ferramentas básicas e algumas câmeras de ar reservas, estava, protetor solar, mapas, documentos necessários e a barraca que foi sobre o alforje. Em relação à documentação, como os países que visitaríamos fazem parte do Mercosul, onde um tratado entre os membros participantes permite que os turistas provenientes de tais países ingressem por esses Estados sem a necessidade de passaporte, sendo o RG, o documento indispensável para a visitação. Em alguns países é pertinente verificar a exigência da carteira de vacinação constando que a vacina contra a febre amarela foi aplicada. Não foi o caso das localidades que passamos.

Em relação ao dinheiro, foram cambiados em Foz do Iguaçu, Reais em Guarani e Peso Argentino, assim evitaríamos procurar casa de câmbio durante o caminho, embora esse processo não pôde ser evitado posteriormente. Como levei pouco mais de 600 reais, essa quantia foi levada em dinheiro na carteira. Pedalar em grupo nos deixa mais seguro em relação a assaltos, por isso a confiança em levar como espécie.

Com tudo preparado, combinamos de nos encontrar na entrada da cidade. Ligaram momentos antes avisando que estavam próximos do pedágio de Santa Terezinha de Itaipu, aproximadamente 25 km’s de Foz. O João teve várias vezes sua câmera de ar furada, por isso os primeiros que encontrei, foram o Aramis e o Fernando. Com a chegada dos primeiros camaradas, soube que a equipe estava desintegrada e, sobretudo, com um membro a menos. O Rodyer deixou a expedição após dois dias de viagem por motivos familiares. O James e o Bruno estavam pedalando em um ritmo menor e por isso ficaram para trás, mas continuaram na estrada. O João chegou minutos depois em Foz. Eu e o Alessandro, um grande amigo, fomos recepcionar o pessoal de carro em razão da hora e distância. Com uma grande distância percorrida no dia, estavam cansados, então colocamos algumas bagagens no carro e seguimos pelas ruas de Foz até chegar em casa. Claro, a galera foi nos seguindo de bike.

Véspera de natal e a ceia desse ano seria especial, com a presença daqueles que eram meus ídolos no cicloturismo e futuro parceiros de viagem. Assim que os aventureiros chegaram em casa, o churrasco estava quase pronto e a mesa toda preparada. Foi uma movimentação diferente em casa. Bagagem para todos os lados, câmeras de ar sendo remendadas na área, revezamento para tomar banho, sala inteira com sacos de dormir estendidos. Um cenário inesquecível. A comida era farta, sendo eu, um cicloturista, sei como é a fome desse pessoal. E assim jantamos todos em família, a minha de sangue e a do pedal. Já é natal quando vamos todos dormir para a partida do dia seguinte. Que ansiedade.

Dia 25 de dezembro de 2007, o grande dia da partida. Eu estava muito, mas muito ansioso mesmo. Uma sensação que foi passando assim que saímos pedalando. Antes disso, uma despedida emocionante da família e amigos, afinal sabíamos do grande desafio pela frente, onde tudo poderia acontecer. Nosso amigo Fernando ficara em Foz para conhecer as cataratas antes de retornar para Curitiba, como já era previsto. A manhã daquela terça-feira estava com o tempo bom, ainda bem que a chuva deixou para cair no dia anterior. Então, exatamente as 6h30m o portão foi aberto para a grande aventura. Com o desejo de boa viagem da família e de amigos, começava a Expedição ao Chile.


Fotografando o velocimetro zerado.

Registrando a saída: Fernando, João, Aramis, eu e minha mãe ao fundo.

Com pouco trânsito nas ruas de Foz em razão do feriado de Natal, apenas algumas pessoas se mostravam curiosas e com razão, ao verem três ciclistas carregados de bagagem em suas bicicletas àquela hora manhã. De casa até a divisa com o Paraguai, fui guiando pelas principais avenidas e aos poucos estaríamos cruzando a fronteira. O Brasil ficava para trás.


Pelas ruas de Foz do Iguaçu

BR 277, Foz do Iguaçu em direção ao Paraguai.


Aduana brasileira na Ponte da Amizade, divisa Brasil/Paraguai

>> Parte 2

Um comentário:

  1. parabéns nelson neto, companheiro de cicloturismo, sou de belém-pa ,meu nome é joão batista ,sou praticante do esporte ,eu e meu irmão ja fizemos 3 pequenas expedições, belém à godofredo viana -ma(2015) 400km/belém -lenções maranhenses 900km (2016) e 2017 belem -pa à carolina- ma 900 km, estamos com planos de ir p o uruguai, buenos aires e se der ir no chile em apenas uma expedição , só que iriamos de avião ate porto alegre-rs e de la p o chui ,para de lá começar a expedição, talvez em 2018 ou 2019 estamos decidindo , peço a voçê se puder nos da umas dicas agradeço.. abraço..

    ResponderExcluir